Febre psicológica e cardíaca.

By Dani G. - domingo, outubro 16, 2011

Aquele tempo escuro, frio e com chuva mexia demais com aquela garota mulher. Fechava os olhos, e começava a pensar. Ouvia um som, se arrepiava. Via uma cena de tristeza, de amor, e seu coração batia forte demais. A cada suspiro, a cada piscar, eram produzidos arrepios, coração acelerado e uma vontade imensa de chorar. O que era aquilo? Era o que Fernada queria saber.
O arrepio não era de frio, estava agasalhada o suficiente, e ainda sim estava sentindo um calor passar pelo seu corpo inteiro. O coração batendo forte não era por causa do escuro. O choro, não era porque queria acompanhar as gotas da chuva. Talvez aquilo fosse como uma febre, batalhando e avisando pelo o que está por vir, algo que se corpo julga ruim, e seu coração, talvez, só talvez... Não ache.
Pensativa demais. Inspirada como nunca. Com medo dessa "febre" repentina que não queria passar. No fundo, ela sabia o que estava por vir, eram simples sinais. Sempre foi assim quando isso estava para acontecer. Nunca, tão forte como agora, tudo em excesso.
Fernanda não queria acreditar, iria negar até o resto da sua vida e lutar para tudo isso ir embora, por mais que fosse difícil e perseguidor.
Parava, estremecia, piscava, pensando, coração a mil, segurava o choro. Tirava todos seus agasalhos para não se auto-sufocar com o calor que estava passando pelo seu corpo, pelo seu sangue e sua mente. Respirava fundo, o mais fundo que podia. Seus braços começavam a suar. Como isso? Ela nem estava perto daquilo que a fazia sentir assim. Aliás, nunca se sentiu tão assim ao seu lado, porque agora estando tão distante estava sentindo?
Descontrolável, indescritível, indisfarçável. Antes o medo era de perder, agora o medo era de conseguir? Ou simplesmente pensar que iria conseguir? Era feito de tudo para mandar embora, ou para esquecer por um minuto tudo isso. Foram arrancadas folhas de cadernos para se cansar, e nada deu certo. Ler livros para se entendiar ou envolver na leitura, e nada deu certo de novo. Escrevia folhas e folhas com palavras aleatórias, com textos, algo para passar isso para algum lugar, e nada. Só folhas e folhas tentando demonstrar, o que estava se acomodando dentro de seu corpo, para lá... Morar.
Resolveu então fazer o que faz quando está com uma febre muito forte - e sua mãe sempre disse que deu certo - e tomou um banho muito gelado para afastar aquele calor. Dizem que a hora do banho é a melhor para pensar certo? Realmente, pensou, pensou e pensou, e mesmo naquele frio, só se passavam raios de calor por volta de seu corpo. Nada adiantou.
Não podia afastá-lo, agora teria que aprender a conviver com ele novamente. Ela queria isso? Parecia tão amedrontada. Seria bom ou ruim conviver com essa coisa - assim é um bom jeito de descrever? Coisa? Simpático demais até!- em seu corpo? Só esperando o tempo passar para descobrir o que essa força teria como efeito em sua vida.

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