Pandemia. Epidemia. Fique solo. Se encontre em você. Que medo né? As pessoas estão amedrontadas com o próprio ser, sua própria essência, sua sombra. O quê? Querem me obrigar a olhar pra mim? O desespero corre solto. Medo fantasiado de raiva, ódio, revolta. Pessoas ríspidas, ranzinzas, sem empatia, insuportáveis com o outro pois não suportam o si. 

Descobriram que erram e MUITO! Descobriram que não são aquela projeção feita em sua própria cabeça. Tiveram que entrar em contato com o passado, presente e pensamentos pelo futuro. Ansiedade, crise de choro, donos da razão.

 Não me ensine a ser eu, eles dizem. Mais certos do que ter paz. Aliás, sabem eles o que é paz? Só um caos mundial para talvez mudar essa visão distorcida que o ser humano tem de olhar pra si de maneira egocêntrica e olhar pros outros de maneira egoísta.

Será que é muita ilusão achar que pós caos as pessoas irão aprender com si mesmas a tratar os outros como gostariam de ser tratadas? Ter carinho, empatia? Será que elas vão aprender a não jogar seus problemas e suas angústias no primeiro que passar em sua frente? Iriam elas olhar pra jornada no outro e pensar nela antes de agir e de falar?

Antes de mudar o mundo, que tal mudar si mesmo? Antes olhar o mundo, por que não olha pra si? Quer salvar todos? Se salve se conhecendo.

Aquarianos e conformismo, é algo que não dá pra juntar, combinar, se aproximar. Não é compreensível para o aquariano alguém simplesmente se acostumar com as coisas do jeito que estão, por mais erradas ou questionáveis que seja. Eles gostam de profundidade, complexidade, questionamento, mudança no todo, no mundo, no sistema, melhora. Como vamos chegar a isso se simplesmente ficarmos no sofá dizendo coisas como “Ué, mas você já não sabia? Nem me espanto mais com isso, nem ligo”... Espere começar uma guerra interna dentro desse ser, saindo fumaça pela cabeça.

As pessoas desistiram de si, do outro, do mundo, do coletivo, da vida? Que graça tem o viver em simplesmente se acostumar ao que é? Ao que está? Não estamos aqui pra evoluir afinal? Se ficarmos parados nada parece ter sentido.

O que faz uma pessoa viver de conformismo? Será que sua luta nunca deu em nada? Será que não aprendeu a lutar? A questionar? Fica a reflexão e o desabafo.

O que te faz se conformar hoje? O que te faz querer mudar e questionar?

Ela viveria muito bem na época de trocas de cartas. Na atualidade ela transformara algo moderno em sua forma de escreve-las. O e-mail era a forma encontrada. Escrevia cartas dignas de prêmio, que na atualidade poucas pessoas perderiam o tempo lendo algo maior que dois mil caracteres. No meio dessa geração do imediato e do sucinto, ela amava soltar tudo que sentia e estava entalado na garganta em frente ao seu computador. Era intensa, sempre foi. Aquela intensidade com um pouco de equilíbrio. Aquele equilíbrio com um pouco de intensidade. O amor em sentir, transmitir, escrever, deixar  fluir.
Ela tendia a preferir ser sincera com si mesma e com os outros. Tudo bem se não for recíproco. A sua consciência estava limpa por ela estar vivendo a sua essência, não se esconder na tela do seu computador, não se esconder no meio de palavras vazias e sem significados, sem verdade. Pudera se arrepender de ser tão verdadeira e sincera, mas repete pra si mesma, que seria pior se deixasse de ser.

Por isso, escreve cartas que nunca mandou, escreve cartas que deveria ter mandado mas desistiu no caminho, escreve pra si, pro outro, pra todos, pra nós. A beleza do escrever e ser. Vamos trocar cartas? ... Digo, e-mail?

Marie e suas epifanias em meio ao caos. A intuição fala, ela obedece. Será que as vezes ela não se autossabotava? Dizia pra si mesma que era intuição mas só era teimosia? Ela sentia de verdade quanto era e não era. Nunca errava. Se errou, não era intuição, era teimosia. Volta atrás garota, e larga mão dessa epifania. Isso é hora? Isso é momento? Já não basta o caos interno e externo? Quer criar mais um? Parece que gosta de viver de loucura e complexidades.

O que mais define marie parece ser não gostar do que é simples e fácil, e sim descobrir na complexidade, descobri sobre si, sobre o outro... Gosta mesmo de desatar nós, consertar momentos, dar mergulhos profundos na complexidade alheia. Gosta de desafios. De fato. É uma pessoa ambiciosa. Ambígua talvez. Contraditória às vezes.

Será que essa procura por complexidade e desatar nós não seria somente um reflexo dela mesma? Queria ela se aprofundar mais em si mesma? A cada nó que ela desata, estaria desatando um nó seu? Os desafios, seriam com ela mesma? Interno? 

O nosso romance parecia eterno. Porque de fato o tempo parecia muito maior que a realidade, o tempo era eterno. Parecia que te conhecia da vida toda, e não só dessa. Sua presença me fazia bem, me energizava. Paz. Eu podia respirar ao seu lado, suspirar, sentir o ar, o viver. Um abraço eterno e aconchegante. Era ter você, ter e não ter, aquela ambiguidade geminiana, socorro.

No fim, um milagre acontece, a alma geminiana se decide... Em não decidir nada. Que surpresa!  Resolvi decidir por você, melhor não ter do que meio ter e meio não ter. Nunca gostei de meios, nem isso nem aquilo, em cima do muro, se abster, não se envolver. É, não é. Gosto, não gosto. Quero, não quero. Decidir é afrodisíaco. O poder do saber e autoconhecer me geram orgasmos mentais e espirituais. E a chama apagou... ao não ter o mais afrodisíaco dos poderes, decisão. 

Decidir por você me fez broxar por inteira e não me restou uma chama pra reacender.