As vezes acho que estou ficando louca. Completamente louca. Talvez eu esteja mesmo. Isso é necessariamente ruim? Alguém é são sendo um ser humano? Alguém é 100% consciente e perfeito nesse mundo tão caótico e de cabeça pra baixo? O caos não deixa nosso mais profundo interno ser completamente caótico e confuso também?
A vida é tão complicada, apesar de tão simples. Sim, eu sei, nós complicamos a vida, como complicamos tudo. A essência do ser humano é basicamente pegar ao simples e transformar em algo completamente complexo e de cabeça pra baixo. Talvez o próprio ser não saiba lidar com seu caos e projeta o caos em tudo e todos ao seu redor. Será? Ou será só mais uma loucura da cabeça de uma menina insana e caótica? Insana e caótica como qualquer ser humano. Até o mais pleno, mais sábio, em algum ponto o caos vai entrar em contato, vai atingi-lo, nem que seja por um microssegundo.
Mas a pergunta é: Como não enlouquecer e não ser engolido pelo caos nessa terra? Tudo parece tão simples até se provar o ápice do complexo. As pessoas parecem ser simples como dois mais dois é quatro, até que você descobre que é um problema matemático que envolve todas aquelas palavras que temos medo na adolescência, bhaskara, logaritmo, matriz. Aliás, nem entendemos mais desses problemas ao chegar na fase adulta, não temos a menor ideia de como resolvê-los, e nem por onde começar. É assim com as pessoas, relações, acontecimentos, momentos e o todo na nossa volta.
Simplesmente não sabemos o que estamos fazendo, nem por onde começar e nem como vai acabar.
Isso paralisa. Amedronta. O caos fica mais caótico.

As vezes o problema está em pensar demais, querer achar razão naquilo que vai tão além. A procura da razão naquilo que é tão abstrato acaba sendo uma busca sem fim, uma busca que trás sofrimento. Aliás, a troco de quê? Segurança? Zona de conforto? Ter certezas? Temos que aprender a amar e a lidar com as incertezas da vida. Que graça teria? E o frio na barriga? E a alegria de conseguir? E a batalha? Talvez até perderíamos um pouco essa jornada do autoconhecimento e conhecer o outro.
Vai além de razão, além de emoção, além do abstrato, do cientifíco. Não se pode explicar, e nem se devia achar explicação. O sentir é tão bom, porque gostamos tanto de complicar as coisas com nosso cérebro humano demais? Como você se sente hoje? Como você se sentiu naquele momento? Como está nesse momento? Isso importa. Agora, como chegou nisso? Nem é tão importante assim, não precisamos de respostas pra tudo, o tempo topo.
Bora esquecer a resposta? A gente não sabe nem a pergunta certa, só queremos direcionamento de qualquer jeito. Pra quê? Tão perdidos. Perdidos em seus próprios medos e anseios que não deixam viver o dia de hoje, um dia de cada vez, um minuto por vez e respirar, deixando com que esses anseios tomem conta a ponto de não apreciar a viagem. A viagem importa, a resposta nem tanto.

Me nutre. Me prende. Me agarra. Me faz no prazer... E que prazer! Me esquenta da cabeça aos pés. Eu enlouqueço e gosto de enlouquecer com você. Que loucura é essa que eu pego fogo mas não me queimo?  Que loucura é essa que me perco no seu olhar? Nós nos perdemos no olhar do outro, tão profundo e ao mesmo tempo tão raso. E parece que ao me perder me encontro no seu beijo. Me encontro em outra dimensão. Me encontro na sua pele, me perco na sua língua, me encontro no toque, me perco de tesão.
O descontrole ao tentar me controlar ao seu lado. Tão bom perder o controle desse jeito leve e forte. São opostos. Contradições. Que delícia me imaginar na sua boca. Te imaginar entrando profundo e bem devagar dentro do mais profundo eu. Suor, arrepio, sussurros, gemidos, sorrisos, arranhões. Desejo, fluidez.

Posso entrar em você hoje?
Minha lingua pode conversar com seu corpo?

Os padrões se repetem. O ciclo é o mesmo. O ciclo é eterno. Será que podemos muda-lo?
Só mudam os detalhes, a história é a mesma, numa versão melhorada ou piorada, mas tudo se repete e repete e repete. Pode ser que mude o cenário, os personagens, até mesmo o diretor, mas o roteiro segue o mesmo.
Tem algumas surpresas no meio do caminho, um ponto fora da curva, até para não ficar monótono. Chegamos até a acreditar que tudo é diferente, mas não se engane.
Entendendo o roteiro, a repetição, o que será que podemos fazer? Aliás, será que podemos fazer algo? Ou vai ficar como está? Vivendo sempre a mesma história sem perceber.
Seria isso o tal do dejavu?

Pobre menina, foi gerada no ventre de um demônio. Foi parida do maior demônio que existe, e mesmo assim tem que chamá-la de mãe, amá-la e respeitá-la. Por que tem que estar tão errado? Por que um anjo como aquele foi premiado de chamar aquele ser de mãe? Algo está errado. Só ela iria sofrer, e sua mãe se divertir.
Que prazeroso seria para aquele ser sombrio poder ter a chance de brincar de boneca com aquele anjo, manipular, mandar, destruir, fingir, gerar falsas expectativas, criar falsos sentimentos, brincar com o psicológico, com o físico, com a energia e com a espiritualidade.
Teria forma de fugir? Ou tudo só era uma grande ilusão? Estava presa a esse ciclo sem fim de achar que tudo iria passar e quando menos esperar desmoronar?
Existe vida após ser gerada por um demônio? Isso é vida?

Queria tanto te beijar, mas tudo bem se não rolar. Queria tanto te amar, mas tudo bem se não amar. Queria tanto seu abraço, mas tudo bem se não quiser encostar. Queria tanto te olhar, mas tudo bem se desviar. Queria tanto te tocar, mas ta tudo bem se você não deixar. Queria tanto te sentir, mas tudo bem se não sentir. Queria tanto não me afastar, mas tudo bem se afastar. Queria tanto que fosse diferente, mas tudo bem se for igual. Queria tanto que fosse igual, mas tudo bem se for diferente. 

Você se abre por completo, enfrenta o seu medo de demonstrar vulnerabilidade, de mostrar que quebra, que machuca, que dói, que desmorona.
Lhe apresenta seus traumas, seus maiores segredos, seus maiores medos, seus problemas internos e externos, seus esquemas, suas distorções da vida e de si, seus pontos fracos, suas maiores dores, um dossiê sobre você mesma na mão de outra pessoa. Ela te conhece por inteiro, pior, conhece suas falhas, seus defeitos, seus fracassos, seus medos, seus gritos clamando por socorro. E isso é perigoso.
Tende a ser perigoso quando o diálogo parece não fazer mais tão efeito quanto antes. Perigoso quando se abrir tanto vira uma desvantagem. Quando o outro estar certo é mais importante. Quando o ficar bem não importa. Quando se usa de todo esse dossiê pra se provar o dono da verdade. Pra se provar o conhecer de você mais do que você mesma. Quando usa essas dolorosas distorções da vida pra dizer que não te machucou, pra virar o jogo, pra inverter os papéis. "Você me machucou, você não entende nada, você exagerou, você me magoou. " - ele dizia.
Por que de repente só olha pra si? Por que de repente me ataca pelo simples fato de dizer como eu me senti?