O encontro de mortes

By Dani G. - quarta-feira, agosto 14, 2019



Fazia tempo que as mortes não se encontravam. Os tipos de morte que poderiam existir em mim. Na verdade, cheguei um dia a acreditar que elas não existiam mais de tanto não pensar sobre elas. Doce ilusão. Como sou iludida, que raiva! Estúpida! 
O exterior nitidamente refletia o meu interior: Uma bagunça. Cabelo desajeitado, dente mal escovado, roupas destruídas, toda em pedaços. Meu quarto? Roupas jogadas pelo chão, na cadeira, roupa suja com roupa limpa, livros jogados, amassados, mal cuidados. Eu? Jogada numa cama por tempo indeterminado cansada de me esforçar pois era em vão.
Quase morri fisicamente num erro médico, foi desesperador, mas ainda sentia vida na minha alma e na minha mente. Morte física, morte do corpo, dor física, desespero físico. É ruim? É, mas há algo que pode ser pior. Após a minha quase morte física minha alma deu uma agitada, se bagunçou mais do que já estava bagunçada, ficou louca, possessa, revoltada, como queriam tirar meu físico se  a alma estava tão bem? E daí que começa a alma a se atrapalhar no meio dessa confusão.
Não bastava uma quase morte no dia, precisava de mais uma. Que no meu ponto de vista, uma mais dolorosa. A morte da alma. A falta de fonte de energia para que a alma seja feliz nesse universo. A falta de amor pra alma se sentir em casa. A falta de um abraço, de uma compreensão. A alma de fato morreu e tava tentando ressuscitar sem muito sucesso e sem muito esforço, porque não era a primeira vez que isso acontecia, e cada vez que ressuscitava se decepcionava mais ainda com o mundo e com si mesma.

Vale ter alma nesse mundo sem alma?
Vale viver quando não se importam com a sua morte?
Vale morrer quando não se importam com a sua vida?

Queria me encontrar no meio desse caos que já não faz nenhum sentido.
Você consegue me mostrar sentidos?

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