Pseudo comemoração.

By Dani G. - segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Aquela noite fora a comemoração do seu aniversário, em um bar renomado da cidade. No fundo, sabia que não haveria de fato nada de comemorativo ao acordar na manhã seguinte com ressaca, estômago borbulhado, se perguntando sobre os poucos flashes do que lembrava, julgamentos ao se redor do que não lembrava e devia esquecer e arrependida do que fizera. Mas a chamava de algo feliz, de se comemorar e seguiu em frente como alguns amigos. Bebeu todos os drinks do cardápio e beijou todos os caras da mesa, os tratando como cardápio também. Porque agora ela podia, fizera dezoito anos. Porém, não era bem assim, deixara todos as coisas mais importantes de lado achando que aquilo era se divertir. Mas em que mundo? Ela estava no lugar errado, no mundo errado e no momento também.
Nunca acreditou sobre as responsabilidades e aprendizados que as pessoas tantos diziam e mudanças ao fazer dezoito anos, até porque já havia passado por cada coisa que achava até injusto ter mais por aí. Marcela não só acreditou, como viveu e sentiu na pele todos esses cuidados que lhe avisavam, foi o tal do "aprender por mal" que os seus pais tanto falam. Se sentiu de mãos atadas, era demais para conseguir lidar, só se colocava aos prantos, parecia a sua única saída. Passou a madrugada inteira pensando no "nós" ou quase um "nós" que pudera estar prejudicando, e lá se iam os prantos novamente. Sua auto-estima sumiu junto com o juízo e felicidade. Se sentia caindo num poço sem fundo, se afundando mais e mais, algo sem fim. Tentando agora usar uma super cola pra consertar tudo que quebrou e curativos para o que machucou.

Começando por ela, que nem mesmo em pé conseguia ficar sem cair e chorar, precisava de ajuda para se levantar, para se auto-colar e se auto-curar, se reconstruir por inteira e achar cada pedaço no chão daquele poço, alguns pedaços estavam escondidos para dificultar. Depois teria que consertar com muito carinho o "nós", muito curativo e remédios fortes quase faixa preta. Teria que ser mais que uma super cola para curar os machucados deixados no coração e na mente do casal. Por fim, reconstruíra a confiança e juízo que nunca mais saíra de casa sem eles e nem mesmo deixá-los em qualquer bar sozinhos sem ela.

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10 comentário(s)

  1. juntar os pedaços é sempre um processo muito difícil. mas acho que beber todos os drinks do cardápio normalmente acaba ajudando.

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    1. ilusoriamente a gente acha que acaba ajudando, de fato, não ajuda

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  2. Você lembra do PROERD ???

    Você quer que as coisas ruins se repitam ???

    A pessoa que disse que que "beber todos os drinks do cardápio normalmente acaba ajudando."

    Ajuda mesmo... a perder a dignidade, e a ir para o fundo do poço...mesmo

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  3. Eu sonhava com meus dezoito anos, sonhava em pular de bungee Jump, fechar os braços e as pernas de tatuagem, sonhava em poder entrar nos melhores Pubs do Rio, sonhava em poder ser inconsequente. No meus dezoito anos , bebi uma cerveja no barzinho de sempre, não pulei de bungee jump, fui fazer minha primeira tatuagem aos 20 anos, tirei a cnh e não bebo mais até cair, que eu me lembre, nunca fiz isso...Sinto saudade da pseudo - liberdade que achei que tivesse...agora, quero me livrar de toda essa responsabilidade que aos 17 eu confundi com outra coisa...sad but true..

    Beijos

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    1. Nós achamos que aos 18 seremos os reis e rainhas do mundo, que o mundo é nosso, que temos a liberdade, mas ficamos cada vez mais presos, e percebemos que nem sempre é assim.

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  4. Essa ilusão de "too young to care" é responsável por no mínimo (e isso é um palpite pessoal e pouco considerável), 75% das decepções e desventuras de adolescentes e jovens. É claro que não devemos desconsiderar essa vontade de abraçar o mundo com nossos braços desorientados, os milhões de hormônios borbulhando em nosso corpo e as descobertas que nos excitam e assustam ao mesmo tempo. Mas o futuro tá aí, e um dia, querendo ou não, o peso de nossa vida caí sob nossas próprias costas, e é melhor ter um suporte seguro para sustentá-la. Adorei o blog, estou te seguindo!

    Beijos =*

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    1. E a gente acha que as aventuras existem para a gente se divertir, mas realmente nós nos decepcionamos por agira com essa liberdade que achamos que temos, e não é assim. Vem muita responsabilidade, por mais que queremos abrir os braços pro mundo e pularmos da colina mais alta sem medo, com aquela confiança de "eu posso"

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  5. As pessoas tem uma falsa ilusão de fazer 18 anos, adquirir liberdade plena é ir morar sozinho, pagar suas contar, ter seu trabalho, seu dinheiro... é muito mais do que apenas idade.
    Não acho que a bebida cure nada, talvez não prejudique também, mas o que cura nossas dores e feridas somos nós mesmos.

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    1. É uma ilusão que nos passam, e nós mesmos nos passamos por toda a infância e adolescência, e idolatramos quem é mais velho, querendo ser que nem eles... Idade é só idade, tem muito mais envolvido. E nós que curamos nossas dores, e insistimos que quem vai fazer isso por nós é a bebida

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