Mania de Bia.

By Dani G. - terça-feira, maio 06, 2014

Bia tinha aquela chata mania, que não desejava a ninguém... A mania de cutucar ferida. Não deixava a ferida nem sarar para tirar a casquinha, não deixava criar a casca ou qualquer camada de proteção, cutucava com o sangue, com o remédio nela, para doer e arder mais. Como se a ferida tivesse que ficar lá, para sempre. Se enrolava nos seus pensamentos, na volta ao passado, na volta em palavras, em promessas, e porquês e falta deles. Justificativas mal justificadas. Reviravoltas, brincadeiras com fundo de verdade. Invés de deixar a ferida curar, simplesmente queria bater e rebater no que trouxe essa ferida. Será? Era verdade aquilo? Não conseguia esquecer e seguir em frente. Tinha que analisar, cada atitude, cada palavra e cada escorregão. Mas ainda sim tentava pensar antes de agir, porque sempre foi de pensar depois de agir. Se sentia incompleta pois pensava tanto tanto, que deixava seus atos de lado, adiava, que parecia uma desistência. Se cansava de tanto pensar, sentia que estava perdendo muita coisa lá fora enquanto ficava analisando o que é certo, o que é errado. Afinal, isso lá existe? Certo e errado não são coisas inventadas por nossas próprias cabeças? A vida já era tão curta e ela ainda perdia tempo pensando e repensando nos seus atos. E quando chegasse a conclusão, tudo já se perdeu, não fazia mais sentido. Talvez, esse seja um dos motivos de não pensar, só depois que já foi feito. Pensar, parecia perda de tempo, perda de vida, perda de oportunidades. Então agia, agia e agia, e viva. Não há o "penso, logo existo", era algo nessa linha, tal como "ajo, logo existo" ou então "ajo, logo vivo". Era uma garota complicada, que poucas tentavam desvendar, tentavam conviver e entender suas qualidades, defeitos e manias.

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