São três e meia da manhã, e aquela garota desperta, decidida. Quem faz algo na madrugada que não seja impulsivo? Esse pensamento deve passar pela sua cabeça,ó caro leitor. Mas nunca esteve tão sã e consciente de si e seus atos como naquele momento.

Respirou fundo, teve uma última lembrança boa de ti. Passou o filme dos bons momentos em sua cabeça, se permitiu sentir um pouco de tristeza e vazio, mas no fim sentiu paz por ter acabado, por escolha dela dessa vez. C'est fini! 

Justa que é, após esse momento de lembrar da parte boa, se lembrou do que não era tão agradável assim, a forma como foi tratada, como terminou, a confusão desnecessária, a falta de diálogo, de maturidade, de responsabilidade afetiva e reciprocidade. Idealizar às vezes é uma merda! Aquela garota se perguntava se a parte boa era idealização, ou realmente existiu, mas a verdade é que isso já não tinha mais importância alguma.

Pegou as suas coisas que estavam em seu apartamento e começou a embalar. Com ternura, com carinho e em paz. Não faria isso com raiva, e se fosse nesse estado, não seria o momento certo. Deixou tudo preparado para na manhã seguinte, assim que as atividades dos correios começassem ela estaria lá, para devolver suas coisas. Escreveu seu nome pela última vez, pois não queria mais escrevê-lo, nem falá-lo, e muito menos pensar a respeito. Seu endereço, que trazia lembranças do que viveram naquele apartamento. E fechou a embalagem e escondeu essa situação dentro de um baú dentro de si que não gostaria de abrir tão cedo.

Dói, é óbvio que dói. Mas estava grata por ter doído por tão pouco tempo, imagina se durasse mais tempo essa mentira fantasiada de amor verdadeiro e maturidade emocional? Arranquei o bandaid de uma vez, a ferida sangrou.

Era escritora intensa que amava escrever suas crônicas no auge dos sentimentos. Não se arrependera pelas crônicas de amor, paixão e tesão feitas para você. Em breve, será uma lembrança distante.

O fim. A paz. O respiro.

Agora, aquela garota poderia viver sua vida. Continue o voô.

O problema não está naquela bela donzela em ter a coragem de ser vulnerável e ter sentimentos profundos e verdadeiros por alguém. A beleza daquela garota era justamente essa... Ser do avesso e tão doce num mundo que pode ser tão cruel e raso.