A culpa do outro.

By Dani G. - sexta-feira, novembro 19, 2021

 Por dentro de suas entranhas havia dor, sofrimento, confusão. Parecia difícil demais olhar para aquilo, observar, se adentrar de forma profunda em si... De fato mudar. Havia tanta culpa. Maurício se indagou, qual o caminho mais fácil e menos doloroso? O caminho de esquecer, se abster. O caminho da vítima. O caminho sem culpas internas. De mentiras, convenhamos. O caminho da culpa do outro.

Para quê continuar me machucando, se já tenho tanta dor e sofrimento? Maurício pensava.

Por quê não machucar o outro? Culpar o outro? E viver essa falsa vida e história que criei pra mim mesmo. Uma hora ela vira verdade, nem que seja em sua cabeça.

Eu sei tudo. Eu sou tudo. Eles não sabem nada. Eles não são nada.

De uma pessoa cheia de dor vira uma pessoa cheio de ego. Que horror!

Mas será mesmo que essa mentira não fica escancarada na face de cada ser que passa pela sua vida?  E passar, não só de maneira profunda... Tanto seres que (tentam) ter algum tipo de relacionamento e profundidade com Maurício, conhecê-lo de fato, quanto alguém que passa ao seu lado no meio da rua e observa a verdade dentro do seu olhar seco. Não um olhar seco qualquer, mas olhar seco, porque ali se forçou a não ter lágrimas, e não sentir. Elas foram secadas.

Por isso pergunto: Será que em seu olhar e seu jeito de portar não fica nítido a dor e as lágrimas que são recolhidas dentro de si e dentro do âmago do seu ser? Suas sobrancelhas arqueadas de forma que tenta esconder, mas não esconde. Seus passos largos e pesados que demonstram raiva e até um pouco de confusão. E a sua pressa?Ah que pressa! Pressa de quê? Pressa de viver a vida? Pressa de se perder nela? Pressa para que acabe para que junto dela acabe todo esses sentimentos e ser você?

De repente Maurício mentiu tanto pra si que acredita que tudo aquilo seja verdade. Se vê num beco sem saída, andando em círculos, e não consegue sair. Ele até grita, mas não pode ser ouvido, pois ele mesmo fechou todas as janelas e portas de forma que ficasse preso e inaudível. Não queria se ver, se ouvir, e os outros não podiam também. Dor, dor e mais dor.

... Mas a culpa é do outro.

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