Aquela noite fora a comemoração do seu aniversário, em um bar renomado da cidade. No fundo, sabia que não haveria de fato nada de comemorativo ao acordar na manhã seguinte com ressaca, estômago borbulhado, se perguntando sobre os poucos flashes do que lembrava, julgamentos ao se redor do que não lembrava e devia esquecer e arrependida do que fizera. Mas a chamava de algo feliz, de se comemorar e seguiu em frente como alguns amigos. Bebeu todos os drinks do cardápio e beijou todos os caras da mesa, os tratando como cardápio também. Porque agora ela podia, fizera dezoito anos. Porém, não era bem assim, deixara todos as coisas mais importantes de lado achando que aquilo era se divertir. Mas em que mundo? Ela estava no lugar errado, no mundo errado e no momento também.
Nunca acreditou sobre as responsabilidades e aprendizados que as pessoas tantos diziam e mudanças ao fazer dezoito anos, até porque já havia passado por cada coisa que achava até injusto ter mais por aí. Marcela não só acreditou, como viveu e sentiu na pele todos esses cuidados que lhe avisavam, foi o tal do "aprender por mal" que os seus pais tanto falam. Se sentiu de mãos atadas, era demais para conseguir lidar, só se colocava aos prantos, parecia a sua única saída. Passou a madrugada inteira pensando no "nós" ou quase um "nós" que pudera estar prejudicando, e lá se iam os prantos novamente. Sua auto-estima sumiu junto com o juízo e felicidade. Se sentia caindo num poço sem fundo, se afundando mais e mais, algo sem fim. Tentando agora usar uma super cola pra consertar tudo que quebrou e curativos para o que machucou.