Estava na varanda do meu apartamento com vista a praia, com uma taça de Champagne em uma mão, enquanto na outra estava controlando meu ipod, porque queria ficar no meu mundo, apesar da festa de reveillon. Resolvi refletir nesse pouco tempo que ainda resta de 2010, aqui e assim, olhando para o mar e como as ondas se mexem.
A campainha e o telefone tocam a cada segundo, e pessoas novas passam a aparecer aqui, só que cada som, seja de campainha ou de telefone, iludem mais ainda meu pensamento e meu coração.
Me sentia estar desapropriada para o momento de passagem de ano, todos com roupas "recatadas" ( mais compridas que a minha, digo), de cores alegres e o cliché, obviamente o branco. Enquanto eu estava com meu vestido preto curtíssimo ao qual valorizava minhas coxas, um salto enorme de cor prata, meu cabelo preto e enrolado estava solto de maneira que caía em meu pescoço, com minha maquiagem carregada de rotina. Quem me via e não me conhecia, deveria pensar que ano que vem quero coisas tristes, mortes, sou emo, seilá. Mas sou simplesmente diferente, e pretendo acabar o ano diferente também.
No momento que estava indo pegar outra taça de Champagne, todos correm para varanda porque já tem babaca soltando fogos de artifício antes da hora, nisso, meu primo me fez o grande favor de derrubar Champagne em mim, mas fui educada, tão educada que dei uma risada alta daquela situação. Então peguei meu copo e fui para a outra varanda que mostra o outro lado da praia, o lado que não é prioridade para o resto, e menos importante.
E no meu canto solitário, banhada de champagne, olhando para o mar, e ouvindo minhas músicas serenas e pensativas, logo o tempo passou o suficiente para faltar segundos para o novo ano. Todos animados, mas animados pra quê afinal? Mais um ano de aprendizados à base de dor e ilusão? Mais um ano de falsidade?
Então todos gritam "CINCO, QUATRO, TRÊS, DOIS, UM... FELIZ 2011!"
No exato primeiro segundo do ano novo, meu celular toca. É uma mensagem, mas não uma mensagem qualquer, uma mensagem dele, que dizia assim:
"Feliz ano novo, minha princesa. É tão difícil estar longe de você. Estou deitado no meu quarto revendo lembranças, enquanto todos da minha casa estão curtindo a grande festa de ano novo. Mas eu não consigo imaginar um ano novo, sem coisas do passado, como você. Pode parecer estranho, eu sei, eu te trouxe muita dor, mas eu posso ficar confuso, não posso? Eu estava tentando evitar sua dor, mas só trouxe mais e mais dor pra mim. Sei que agora pode ser tarde demais para palavras como essas, ou declarações, mas queria ser sincero com você, pelo menos no primeiro segundo de 2011, falando que eu te amo, e eu e meu coração nunca vamos cometer o crime de te esquecer."
E aquela menina pensativa, que estava resmungando do ano que vinha, que tudo ia ser dor, esqueceu todas aquelas palavras, e as viu como um surto de saudade. E ficou sorridente, é, no primeiro segundo de 2011 sorriu por causa do seu amor recuperado.
Na verdade, recuperado não, porque ele nunca se foi ...